segunda-feira, 30 de março de 2009

feminismo em tempos compulsivos

Eu andava até contente com a Madonna. Depois de uma fase totalmente esposinha, que incluiu até mudar para o país do amado (ato de grande significação metafórica), ela se separou do Guy Ritchie, voltou pra NYC e voltou a ser aquele ícone do feminismo que nós esperamos que ela seja. Porque a Madonna não pode find a guy and settle down. Ela, como ícone que é, tem o dever de manter vivas no imaginário feminino certas possibilidades. A Madonna tem a obrigação de nos fazer lembrar que existe, sim, a possibilidade de estar, aos cinquenta, pegando um gatinho de 22 ou causando separações no mundo do beisebol.

E eis que lá vai a Madonna pro Malawi, atrás de adotar o pimpolho número quatro. E cai na nova compulsão chatíssima das atrizes, a maternidade compulsiva. Tem coisa mais chata do que os seis filhos da Angelina Jolie, todos paridos e/ou adquiridos no espaço de poucos anos?

Ai que falta fazem as feministas à antiga, pra alertar essas famosas de que filho não preeenche - e nem deve ter o ônus de preencher, coitadinho! - os vazios de ninguém.

Por que elas não continuam a tentar preencher seus vazios das clássicas formas da celebrity culture, ainda mais nestes tempos compulsivos? Que tal continuar comprando compulsivamente, malhando compulsivamente, fazendo plástica compulsivamente e trocando de marido compulsivamente? É menos chato e faz menos mal que esta nova onda, supostamente enobrecedora, da maternidade compulsiva.

P.S. - e falando de feminismo, ontem vi em alguma retrospectiva na tv um clipe das spice girls, o maior engodo supostamente feminista das últimas décadas. Por trás daquele discurso de "girl power", o que elas queriam mesmo era um jogador de futebol rico que as sustentasse , ou um ator famoso de quem ter um filho e pedir uma gorda pensão ...

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